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NOVO DE

ADOLPHO RAMSÉS

"Dizem que na vida ou você é a caça ou você é o caçador. Escolhi ser diferente. Eu escolhi ser a bala."

"Eu não nasci para ensinar. Nem para ser exemplo para ninguém. O ditado era velho. Pássaros que não querem dormir de cabeça para baixo não devem perseguir morcegos. Andava sozinho. E assim deveria ser (...)"

"O barulho da torneira era o único som que estava ali. Molhou o rosto ainda ofegante. Olhou-se no espelho. Viu-se um lixo, feliz. Arrependido? Nem ele mesmo poderia responder; para quem tanto fez da tristeza um prato quente a ser servido, era mesmo muito difícil entoar-se em gratidão à vida. Correu os olhos sobre o reflexo de seu corpo através de um espelho esquecido pelo tempo. Era impossível responder. Nem mesmo aquela voz interior que sempre o acompanhara não estava mais ali. Sumira. Para longe? Será que ainda voltaria a escutá-la? Aquele silêncio, aquele vazio, esmagado pelo derramar inconstante da água pelo ralo, em forma singela de desperdício, fora quebrado por um tiro ensurdecedor vindo do quarto ao lado. Um tiro, um único disparo. Simples e cruel. Rápido e prático. Nada de drogas, nada de queixas. Apenas uma arma carregada. O estrondo trouxe a dor, e a mesma tomou conta de si de uma forma mais que reveladora, sem ambiguidade, mas sem prazer. O desespero, a angústia. Perguntas e mais perguntas formadas rapidamente em sua mente; mas não advindas da voz interior. Do seu demônio interior. Era tudo simples, e da forma mais complicada de se tentar entender. Fechou a torneira depois de tê-la observado profundamente como se caísse pelo ralo em tentações e reflexões. Reflexões tão profundas como um buraco negro irreal; atraído pelo enigma da fuga e da falta de atenção, da fuga psicológica, em carência com a realidade. Rosto molhado por uma mistura entre água, suor e agonia; confortavelmente entorpecido. A lentidão de um tempo misturado com uma dilatação de pensamentos sem fim. Interrogações infinitas. Juízo arruinado, complexado. Fechou os olhos e sentiu o mundo girar. Álcool? Cocaína? Desabou sobre a pia úmida e lisa de mármore escuro, ferindo o queixo e parte do crânio mastigado pelo tempo. Ferimento e desorientação, sangue jorrando, e escorrendo como mentira. Desabou em câmera lenta e repetidamente, como uma jogada do próprio juízo, surrou-se por golpes de vista. Perturbador e perturbante. Desacordou. Notou o silêncio novamente e, pela primeira vez, viu o mundo em queda livre final. Sem conservação de energia, nem muito menos como algo ideal. Sem volta. Visão desfocada da realidade e sorriso irônico para a vida."

"Vários desejos e uma sentença (...) A vingança pelo inesquecível, e o descanso pelo imperdoável (...)"

 

Em breve.

"Era uma loura linda. Talvez desenhada por um arquiteto com altas doses de desejo e safadeza. Quando a vi de costas, dei um goto seco. Era a sala da tentação e da luxúria, onde os imperadores realizavam suas obras e pariam suas ideias. E aquela deusa do submundo deveria ser a dona do recinto. Aproximei-me sem cerimônia e ela parou de tocar. Olhou-me por cima do ombro e sorriu. Abandonou o instrumento no ar e este fora engolido pelo chão pantanoso de seu altar (...)".

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